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ACL - FUNDO DE ARQUIVO CARLOS LACERDA
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/ Poesias de Carlos Lacerda |
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A) - LETRAS DE COMPOSIÇÕES MUSICAIS: a) - "Beijos pela Noite" - Composição MUSICAL em parceria com Jorge Amado. Música de Dorival Caimy. Revelada por Jorge Amado em entrevista à TV Globo em 09/08/92.
b) - "O índio do Corcovado" musicado por Joubert de Carvalho e gravado por Gastão Formenti, no outro lado do disco "Maringá", grande sucesso de Joubert de Carvalho (F. Dulles, "A vida de Um Lutador", editora Nova Fronteira, primeiro volume)
B) - POESIAS: B.1.” Entre Paris e a Suécia entre o Céu e a Terra" (Para João Condé) O poema nasce no Céu. É de lá que ele provém. Cá em cima ele flui, natural Da alma que o contém.
O poema não diz o que quer, Nem chega a dizer ao que vem: Só o entende quem souber, Só sabe quem for alguém.
Donde sai o que não chega Já não percebe ninguém. Onde vai o que não saiu Não sei eu nem ninguém
(poema datado de 19/11/73, publicado em "Fatos e Fotos" de 03/07/77, n. 824. página 30):
I - 1.2 Morte Vizinha
Esta noite no avião A nove mil metros sobre Samarkand A morte me avisa que já está a caminho. Ouvi falar de mortes ilustres E de anônimas vociferações Já não me lembro quantas vezes. Em vôo pensei em evitá-la discretamente. Porém, digo, não há como deixar de reconhecê-la. Ela me habita desde menino E me possui E me consome à sua onipresença Como o branco arroz ou o milho amarelo Há tanto tempo não penso na sua vinda sub-reptícia Porém ela se faz presente. Consciente de suas inefáveis prerrogativas. Então, que adiantam as minhas invectivas Se já veio? Se já está entre nós? Na cadeira vazia, silenciosa e atenta, Quase submissa - quem diria ? Magnânima senhora de meus dias e vontades, Entregue a todas as minhas veleidades derradeiras Com a paciência das avós sobre o crochê de antigamente E dos netos sobre o sexo empinado, apenas descoberto.
Dolorida, repetida, Até tu, Até tu, Até tu morrestes Morte antiga.
Preparo-me para receber a tua sucessora, A morte sem alarde, Trombeta apagada e obscura, Morte cordial, constante desejada, A meu lado sentada Paciente e curiosa, Nada estapafúrdia, nada escandalosa, Unicamente composta de uma leve distração, Espécie de desvio de luz, No pavio da velha vela que se apaga E naufraga na barrela das águas vicinais.
Até já minha morte preferida. Espere por mim que já vou indo, Levemente debruçado sobre a tua paisagem, Tuas árvores silenciosas, Teu céu deslumbrado, Tua forte mansuetude Silenciosa e dura.
(03/07/75) publicado em Fatos e Fatos de 03/07/77. "Escrito no vôo de 02/07/75 entre Roma e Teerã" (apud Jornal do Brasil de 20/05/78) - Publicada no Jornal do Brasil em 20/05/78
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