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Amílcar de Castro de A a Z
Direito Internacional Privado, de Amílcar de Castro, este pode ser adiquirido no todo ou em parte pelo www.revistaforense.com.br
Inauguração Sala Especial Desembargador Amílcar de Castro
Nova Etapa do Projeto Desembargador Amílcar de Castro
Carlos Lacerda de A a Z
Entrevista do Presidente da Fundamar sobre Carlos Lacerda no Programa "Sintonia" do canal de TV da Câmara Federal em 2008
Reencontro com Carlos Lacerda - texto de Murilo Badaró
Relação dos livros de C. L. co-editados pela Fundamar
Feridos pelos mesmos espinhos - Carta de Juscelino a Carlos Lacerda
Arquivo Carlos Lacerda na UnB - História Resumida
Carlos Lacerda e a Educação no Brasil
Artigo de Márcio Moreira Alves em 11/01/1997
Prêmio da Fundação Abrinq
Iniciativa da Fazenda Escola Fundamar deve ser modelo - matéria da Abrinq
Prêmios Bem Eficiente recebidos de 1997, 2000, 2005 e 2006
Xadrez - Poema dos alunos da E.E. Fundamar
LIVROS E IMPRENSA
Matéria sobre a Fundamar, publicada pela Vale Rio Doce, no intervalo do Jornal Nacional
Quem Carrega o Pesado
O Rio Sapucaí: Anotações Para Uma Narrativa Histórica
Memorial Nildo Antonio de Paiva
A Saga do Café Fino – por Maria Lúcia Prado Costa
Um polemista muito bem relacionado
As cartas de Lacerda
O ESCRITOR E EDITOR CARLOS LACERDA
CERTIFICADO - IV SIMPÓSIO IBERO-AMERICANO DE HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA
A Saga do Café Fino – por Maria Lúcia Prado Costa
O ouro verde fez a história das cidades sul-mineiras de Machado e de Três Pontas, principais centros de exportação de cafés finos do País.
Noel Rosa e Vadico em 1934 cantavam que “São Paulo dá café, Minas dá leite e a vila Isabel dá samba”. Ninguém se atreve a contestar a fina safra de sambas de vila Isabel, mas a verdade é que Minas também dá café. E o Sul de Minas, café fino. Café fino quando torrado ficar cor de chocolate e quando preparado tem uma aroma agradável e um gosto adocicado. Café de fino trato.
A história do café do Sul de Minas ainda está para ser contada. Os historiadores até hoje não chegaram a um consenso sobre o trajeto de introdução do café na região. Eles se dividem em três correntes excludentes: o café teria vindo ou pela Zona da Mata (Muriaé, Ubá), pioneira nesta cultura na província de Minas Gerais, ou pelo Vale do Paraíba Fluminense (Valença, Rezende), ou pelo Vale do Paraíba Paulista (Ribeirão Preto). É bem provável que os caminhos tenham sido diversos assim com as versões construídas por alguns guardiães das memórias das cidades sul-mineiras.
A fonte mais segura sobre o assunto é o afamado Almanack Sul-Mineiro, organizado por Bernardo Saturnino da Veiga, em Campanha, para o ano de 1874, que informa sobre “imensas plantações de café” em Pouso Alegre e Jaguari (atual Camanducaia) já com excedentes para exportação.
Assim, para começo de conversa, tomamos 1870 como a década que marca a expansão da cultura do café pela região, quebrando do predomínio da cultura do fumo, da cana-de-açúcar e da produção de toucinho e outros derivados de porco pra exportação, em lombo de burro, para a província do Rio de Janeiro.
Nessa indecisão sobre o itinerário e a cronologia do café no Sul de Minas, muita gente boa acaba cometendo equívocos como supor que a extensa malha ferroviária da região tenha sido construída nos anos 80-90 do século XIX, com dinheiro dos cafeicultores locais. Nada disso.
A construção da estrada de ferro Minas e Rio (de Cruzeiro/SP até Três Corações); Muzambinho (de Soledade de Minas a Tuyuty, hoje Juréia); e Sapucaí (de Soledade de Minas a Silviano Brandão, hoje Silvianópolis) envolveu uma briga ferrenha entre interesses paulistas e fluminenses, e ainda aguçou a cobiça dos ingleses. Estes grupos disputavam não só os privilégios em ouro ou dinheiro conferidos pelo Poder Público por km de linha construída, como também o potencial econômico da região.
Evidência desta disputa foi que a Cia. E. F. Mogyana (1872), sediada em Campinas, conseguiu avançar sobre o território sul-mineiro antes mesmo que o Governo Provincial Mineiro concedesse autorização às empresas Cia. E. Ferro Muzambinho e Cia. E. Ferro Sapucaí – ambas sediadas no Rio de Janeiro – para construção de suas linhas nesta região. A Mogyana chegou a Poços de Caldas em 1886, enquanto a Muzambinho (1887) e a Sapucaí (1887) construíram suas linhas entre 1891 e 1897.
Exemplo extremo de conchavo na concessão dos privilégios para construção das ferrovias sul-mineiras: a Minas and Rio Railway Company (1892), sediada em Londres, deveria, como sugeria seu nome, interligar o Rio de Janeiro, partindo de Queluz ou de Rezende. Mas acabou por sair da província de São Paulo, exatamente da cidade de Cruzeiro, onde dizem as más línguas residia um compadre de D. Pedro II.
Mas o que importa é que na década de 90 do século XIX quando se construiu toda a malha ferroviária do Sul de Minas, o café já estava em crise. Apesar de alguns historiadores terem cunhado este período como o “boom” da cafeicultura sul-mineira, há evidências de que nesta década o maior volume de café exportado da região não tenha chegado sequer a 20% da produção total de Minas Gerais e nem de perto tenha ameaçado a supremacia da Zona da Mata.
Para não cairmos no erro de se pensar o Sul de Minas como uma região de uma única história, escolhemos como foco deste artigo dois municípios que têm sua vida casada com os altos e baixos do café, desde o fim do século XIX e a ele permanecem fiéis: Machado e Três Pontas, que hoje são destaque na produção de cafés finos no Brasil.
Importante lembrar que na década de 90 do dezenove a região enfrentava o impacto do fim da escravidão (1888) e ensaiava novas experiências de contratação de trabalhadores, fossem os ex-escravos, ou os nacionais, ou os estrangeiros. Apesar da crise, os fazendeiros de Machado – ainda iniciantes na cultura de café – aderiram maciçamente ao programa de imigração promovido pelo governo mineiro. Os livros de Matrícula da Hospedaria Horta Barbosa, de Juiz de Fora, indicam Machado como o maior polo sul-mineiro de atração de imigrantes italianos entre 1895-1898.
Muita gente pensa que estes imigrantes tenham desembarcado no Porto de Santos, em São Paulo. Este mito provavelmente decorra da atual polarização que este estado hoje exerça sobre o Sul de Minas. Mas as fontes sugerem outra história. Esses imigrantes partiam do Porto de Gênova, na Itália, em navios fretados pelo governo do Estado de Minas Gerais, aportavam no Rio de Janeiro, onde eram alojados na Hospedaria da Ilha das Flores. De lá eram encaminhados, por estrada de ferro até Juiz de Fora – sede da Hospedaria Horta Barbosa. Depois seguiam por uma complexa rede ferroviária: E. F. Pedro II, e pelo entrocamento desta com a ferrovia “Minas e Rio” e desta com a “Muzambinho”. Nas estações de Pontalete (hoje distrito de Três Pontas) ou de Fama da E. F. Muzambinho desembarcavam e, de carroça, seguiam para Machado.
Mas prosseguindo na história do café .... Desmoralizado o Convênio de Taubaté (1906) entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e finda a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a década de 20 marca a projeção do Sul de Minas sobre a Zona da Mata como polo cafeicultor: 33% da produção cafeeira de Minas Gerais. Este foi um tempo de euforia para a região e de consolidação do poder dos famosos “barões do café”.
Nos dois municípios aqui enfocados, Machado e Três Pontas, os bons tempos do “ouro verde” se traduziram na realização de um sonho antigo: a construção de ramais de estradas de ferro para ligação a estações da E. F. Muzambinho, já então incorporada à Rede Sul-Mineira. Foi um feito e tanto. A Empresa Estrada de Ferro Machadense tinha capital inicial de 1.000 contos de réis e instalou 40km de trilhos entre 1922 e 1928. A Companhia Viação Férrea Trespontana tinha capital inicial de 800 contos de réis e instalou 20km entre 1922 e 1924.
A fartura gerada pelo café possibilitou outras conquistas importantes. Em Machado se fundou também em 1922 o Banco Machadense com capital inicial de 200 contos de réis, banco este incorporado em 1939 ao Banco Moreira Sales, sediado em Poços de Caldas, mais tarde, UNIBANCO, e hoje Banco Itaú.
Algumas biografias dos “barões de café” de Machado e de Três Pontas são ilustrativas de determinado “jeito de ser e de viver”, nos anos 20, quando os cafezais conferiam poder tanto dentro quanto fora da fazenda. Terras, prestígio, cargos políticos, casamentos entre tios e sobrinhas, família extensa, compadres importantes, e, principalmente empréstimos de dinheiro a juros – atividade assim denominada de “negócios capitalistas” são detalhes curiosos dessas biografias.
Dois dos principais fazendeiros de Três Pontas, Domingos Monteiro de Rezende (1873-1954), o Cel. Minguta, dono da Fazenda Pedra Negra, onde hoje funciona o Museu do Café de Três Pontas, e Azarias de Brito Sobrinho, o Cel. Zaroca (1870-1939), filho do Barão de Boa Esperança, e dono da Fazenda Boa Vista, se enquadram neste perfil. Em Machado também foram “barões do café”, o Comendador Lindolfo de Souza Dias, vice-presidente do Banco Machadense S.A. e proprietário da Fazenda Limeira; e Edvar Dias, proprietário das Fazendas São Luiz, Monte Alto e Rosental, e Agente Executivo Municipal entre 1921 e 1929. Coincidentemente esses quatro fazendeiros foram os empreendedores da aventura de construção dos ramais de estradas de ferro para suas respectivas cidades.
Exemplos de requinte desses barões: enquanto o Cel. Zaroca foi se tratar em 1915, na Europa, no balneário francês de Vichy, e por lá permaneceu até o fim da Primeira Grande Guerra, o Cel. Minguta mandava seu filho primogênito se especializar em medicina na Alemanha, em 1918.
É curioso observar os diferentes momentos em que a comercialização do café de Machado e de Três Pontas passou nas primeiras décadas do século XX. Os jornais dessas cidades, nos anos de 1910, trazem propaganda dos agentes de café, representantes das casas comissárias do Rio de Janeiro. Os anúncios da década de 20 já são das casas comissárias de Santos – fato que sugere a mudança de polarização do comércio da região, do Rio de Janeiro para São Paulo, definindo o antigo conflito já vivido quando da instalação das estradas de ferro na região, 30 anos antes.
Mas a euforia dos anos 20 dura pouco, com a quebra da Bolsa de Nova York (EUA), em 1929. Para o historiador José Roberto Amaral Lapa, a crise de 1929 se esticaria até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As medidas do governo Vargas (1930-1945) para regularizar a oferta do café nacional no mercado foram diversas, sendo a mais extrema a queima de grande parte do estoque de 17.500 mil sacas de café, em 1930.
Apesar da crise, ou em função dela, várias iniciativas aconteceram em Machado visando a criação de mecanismos de crédito específico para os cafeicultores nos bancos locais, como ainda a instalação de uma filial do Banco Mineiro do Café (1936) e o desenvolvimento de tecnologia para a produção de cafés finos, objetivo da instituição do Campo Experimental de Café (1935), hoje Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).
Nas duas décadas seguintes, anos 40 e 50, a cafeicultura sul-mineira sofreria a concorrência do sucesso estrondoso do Paraná, responsável em 1960 por quase um terço da produção mundial, metade da brasileira, quase o dobro da africana e p triplo da colombiana.
Os anos 50 marcaram a penetração do capital americano na comercialização do café nacional. Em Machado e em Três Pontas, as principais firmas de exportação com negócios nestas cidades eram a Leon Israel e a American Coffee Corporation, esta última uma das inúmeras subsidiárias da Atlantic and Pacific. Os interesses americanos também se evidenciaram com a inauguração dos escritórios da Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR), hoje EMATER, em Machado (01/06/1952) e em Três Pontas (01/02/1950). A instalação da ACAR nesta última cidade contou com a presença do senador americano, Nelson Rockfeller (1908-1979), criador do programa no Brasil.
Mas, em meio à crise da cafeicultura regional, surgiu um projeto polêmico do empresário e senador Assis Chateaubriand (1892-1968) com a adesão do Instituto Brasileiro do Café (IBC), recém-criado em 1952, para que alguns setores da cafeicultura nacional se especializassem na produção de cafés finos. Em 1953, o então governador Juscelino Kubitschek (1951-1954) visitou o Campo Experimental de Café em Machado (hoje EPAMIG) e quatro anos depois, já como presidente da República, promoveu naquela cidade, com apoio do IBC e do governador, Bias Fortes, a “Primeira Concentração dos Cafeicultores do Sul de Minas Gerais”, nos dias 18 a 21 de outubro de 1957. Participaram do encontro José Maria Alkmin, ministro da Fazenda de JK, Paulo Guzzo, presidente do IBC, técnicos e dirigentes desse órgão, vários deputados e autoridades, entre eles, 50 prefeitos da região. O evento foi amplamente coberto pela Revista “O Cruzeiro”, não por acaso, propriedade de Assis Chateaubriand.
Mas a época de ouro do café sul-mineiro aconteceu na década de 70, com o Plano Trienal de Renovação e Revigoramento dos Cafezais, implementado pelo IBC e proposto pelo ministro da Fazenda, Delfim Netto, “czar da economia brasileira na era do milagre brasileiro” (1969-1974). Em sua primeira fase (1972 a 1974) o programa financiava a lavoura desde a formação de viveiros até a implantação de cafezais, numa prazo de 6 anos, com juros de 3% ao ano. O sucesso do programa fez com que ele se estendesse de 1974 a 1976, com as mesmas condições de financiamento, só que os juros subiram a 6% ao ano – mesmo assim, um belo negócio. Terras de cerrado até então sem valor comercial puderam ser quimicamente corrigidas e preparadas para o plantio de café.
Em 1977, o café atingiu os melhores preços de sua história até então: 400 dólares a saca, devido à geada do Paraná e à incidência da ferrugem nas lavouras, desde 1970.
Comemorando o sucesso do programa do IBC, o então prefeito e líder da cafeicultura machadense, Walter Palmeira (1929-2004) deu o seguinte depoimento à Revista Manchete de 19.10.1981, na reportagem: “Café: 150 Anos de Dramas e Alegrias”.
Há dez anos que juiz, padre, advogado, motorista, todos estão plantando café. E apesar de inexperientes são os mais voltados para as inovações tecnológicas. Não é à toa que o melhor nível de produtividade está no Sul de Minas.
Ao final da década de 70, Machado era um dos principais municípios que mais destacava no Plano do IBC, ocupando o 7º lugar no ranking nacional, 4º no estadual e o 2º lugar no Sul de Minas.
Quem entende de café sabe que o Sul de Minas tem uma fina história para contar.
 
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