O ESCRITOR E EDITOR CARLOS LACERDA
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A produção intelectual de um dos mais polêmicos jornalistas e políticos brasileiros, Carlos Lacerda, é maior do que se imagina. Alguns textos dessa importante personalidade ainda nem sequer foram publicados. O UnB Notícias descobriu no arquivo da Biblioteca Central (BCE) da Universidade de Brasília (UnB) 33 cartas inéditas: uma escrita por Lacerda direcionada ao poeta pernambucano Manuel Bandeira, três redigidas e assinadas à mão pelo escritor gaúcho Érico Veríssimo e mais 29 trocadas com o escritor inglês John Dulles - autor da biografia de Lacerda. A maioria delas está datilografada, mas há também algumas produzidas de próprio punho.
As correspondências revelam, sobretudo, os bastidores políticos e as relações entre os literários na década de 1960 e 1970. O Arquivo Carlos Lacerda (ACL) da UnB tem aproximadamente 60 mil itens e é o maior acervo (veja página 8) do político e jornalista lembrado pela grande habilidade com as palavras.
Muitas cartas, enviadas ou escritas por Carlos Lacerda, já foram publicadas no livro da Editora UnB e Fundação 18 de Março (Fundamar), Minhas cartas e as dos outros - em dois volumes. Elas trazem nomes de grande relevância no cenário político e cultural do país - como o poeta Carlos Drummond de Andrade e os ex-presidentes Juscelino Kubitschek (JK) e Jânio Quadros - e revelam, sob ângulos mais intimistas, a história do país.
Conforme o conselheiro curador da Fundamar, o advogado Túlio Vieira da Costa, que ocupou o cargo de presidente da instituição entre 1978 e 2000, o que já foi publicado em relação às cartas não chega a 30% do total.
Polêmica Outra obra inédita que está entre os documentos do ACL é uma novela de 220 páginas, com o título O Provinciano. Segundo Costa, a Fundamar chegou a preparar a revisão do manuscrito para lançamento do livro. No entanto, embora todos os textos do arquivo sejam referentes a Carlos Lacerda, houve dúvida se a obra seria ou não de sua autoria. "Na minha avaliação, a obra não é dele. Acredito que ele recebeu o texto de alguém para editar", argumenta em referência às atividades da Editora Nova Fronteira, da qual Carlos Lacerda era proprietário.
Para chegar a essa conclusão, além de características textuais, Costa levou em consideração as observações no texto feitas à mão: "Não era a letra de Lacerda", constata em comparação com outros documentos. O Provinciano conta a história de um louco e, para Costa, a obra tem qualidade, ultrapassa os limites de um conto e chega a ser um romance ou novela. Embora indícios levem a pensar que o texto não seja de Carlos Lacerda, não há certezas sobre a autoria. "Só se aparecer o autor", diz.
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